quarta-feira, 4 de junho de 2008

Notícias...

De acordo com os dados recolhidos na delegação Norte do Instituto de Medicina Legal (IML), entre 1997 e 2004, 45% das crianças abusadas no seio familiar foram vítimas do próprio pai e 6% do padrasto.
A investigação, coordenada por Teresa Magalhães, directora do IML/Porto, teve como objectivo caracterizar o abuso sexual de crianças e jovens no contexto intra e extra familiar, para perceber as diferenças que existem entre as duas situações.
Apesar dos números definitivos ainda não estarem disponíveis, a directora afirmou que «há um ligeiro aumento», relativamente ao ano de 2007, dos casos de agressão sexual a menores intra familiares, mas com «uma diferença pouco significativa»
«O facto de termos registado um ligeiro aumento não significa necessariamente que este crime esteja aumentar, pelo contrário, penso que significa que é um crime que se está a tornar mais visível, o que poderá até ser entendido como um indicador positivo», sublinhou.
No período de tempo estudado (1997/2004), foram detectadas 1.141 ocorrências relativas a exames de natureza sexual realizados a crianças e jovens entre os zero e os 17 anos.
7% destes casos foram analisados pelos investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que concluíram que 34,9% das situações reportavam a abusos intra familiares.
As vítimas, com uma idade média de 11 anos, eram maioritariamente do sexo feminino (83,6%). Os abusadores foram homens em 99,6% dos casos, verificando-se apenas um caso em que a abusadora era a mãe.
Os investigadores verificaram também que, nos casos de abuso intra familiar, a vítima é mais nova, os abusos são menos intrusivos, mas as práticas são mais repetidas e muito difíceis de detectar e diagnosticar.
As crianças agredidas por indivíduos exteriores à família sofrem abusos mais violentos, mas com menor frequência.
No entanto, os especialistas em Medicina Legal verificaram que, mesmo quando o abusador é exterior à família, em 65% dos casos é uma pessoa conhecida da criança abusada.
Os dados analisados pelos investigadores permitiram ainda concluir que uma grande parte dos abusadores já tinha antecedentes de comportamentos sexuais desviantes e que a maioria das crianças (37%) foi abusada sob violência física e 21,2% sofreram ameaças verbais «que muitas vezes incluíram ameaças de morte».
Teresa Magalhães salientou que é «muito difícil detectar os casos de violência sexual intrafamiliar dada a falta de visibilidade de situações suspeitas e o controlo da vítima pelo medo».
A directora do IML acrescentou que, embora as crianças possam não ter consciência de que são vitimas de abuso sexual quando são muito pequenas, a partir dos seis anos crescem os sentimentos de vergonha que, aliados à fragilidade inerente à idade, à condição de vítima e à perda de confiança são causadoras de sérios problemas de foro psicológico.

Sem comentários: