O número adolescentes grávidas nos Açores é o dobro da média nacional e um dos mais elevados da Europa, revela um estudo sobre “Gravidez e Maternidade na Adolescência” realizado pela faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, apresentado ontem em Angra do Heroísmo.
O estudo salienta o abandono escolar das jovens e o facto do papel materno ser referência e não o profissional como na maioria dos países europeus. Estes factores levam, nas ilhas, a que gravidez seja bem aceite quer pelo parceiro quer pelos familiares.
A gravidez na adolescência, segundo Cristina Canavarro, faculdade de Psicologia, acontece também num contexto de uma relação estável, com companheiros geralmente mais velhos e também eles já fora do sistema educativo e de formação. No continente a maioria das jovens grávidas têm vários parceiros, explicou a investigadora, destacando a especificidade da região.
Entre os dados revelados pela equipa operacional do estudo destaca-se o facto das jovens açorianas serem mães extremamente dedicadas e contarem com o apoio familiar durante e após a gravidez. Apesar destas gravidezes não serem planeadas a maioria das adolescentes, que participaram no estudo, não vêem o aborto como uma opção.
Cristina Canavarro também indicou medidas a desenvolver a curto e médio prazo como o trabalhar as questões do abandono escolar prematuro e as questões relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva.
A longo prazo dever-se-á criar estratégias e mecanismos que promovam o valor do papel da mulher para além do materno. A média de idades das jovens mães é de 17 anos, sendo que cerca de 50 por cento, das inquiridas, admitem regressar à escola.
A investigadora aconselha ainda mais acções de informação e formação junto de jovens e famílias de risco, bem como nas escolas açorianas. A pesquisa desenvolvida abordou a problemática da gravidez precoce nos domínios educacional, sócio-económico e psicológico de maneira a permitir um diagnóstico pormenorizado da situação que contribua para a formulação de propostas adequadas de intervenção e surgiu na sequência de uma recomendação do parlamentar.
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