Associando-se ao ambiente festivo que em Portugal celebra a data do nascimento de São João Baptista, as comunidades ciganas portuguesas adoptaram tradicionalmente este dia para celebrarem o seu dia de festa nacional.
Vestindo trajes de gala, as famílias ciganas encontram-se nesse dia para conviver e manifestar a alegria de viver, própria da sua cultura. Até há poucos anos, a agora extinta Feira Popular de Lisboa era um dos locais privilegiados onde as comunidades ciganas portuguesas celebravam o dia 24 de Junho. Actualmente, de forma mais dispersa, a celebração mantém-se e seria bom que a sociedade portuguesa maioritária aproveitasse esta tradição para apoiar a celebração deste Dia Nacional dos Ciganos como caminho de conhecimento e aproximação entre as duas comunidades que, apesar de 500 anos de coexistência no mesmo território nacional, ainda permanecem de costas voltadas, como desconhecidas, estimuladas por uma secular desconfiança recíproca.
Relembro aqui a este propósito as palavras do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, no 1.º encontro da União Europeia com representantes das comunidades ciganas da Europa, responsabilizando as sociedades maioritárias e os governos dos países da União a darem os primeiros passos no sentido dessa aproximação entre as duas comunidades e a criarem as condições práticas indispensáveis à construção da confiança entre ambas.
Empenhado nesta tarefa, o ACIDI,IP, através do seu Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas, acreditando no importante papel da mediação como veículo de esclarecimento e ajuda na compreensão entre diferentes culturas, lançou o projecto-piloto “Mediadores Municipais” para formação e colocação de mediadores ciganos nos municípios, que se candidataram, realizando, neste domínio, uma experiência piloto a nível europeu que dá continuidade às boas práticas internacionalmente apreciadas no trabalho desenvolvido no acolhimento e integração de imigrantes.
Estamos confiantes que este novo desafio participado por membros destacados das comunidades ciganas portuguesas possa servir de exemplo para um novo horizonte na convivência entre todos os portugueses e para o reconhecimento da contribuição dos ciganos na formação da história e identidade cultural do Portugal intercultural que desejamos como afirmação plena da nossa democracia.»
Rosário Farmhouse
A Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural
A Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural
Fonte: http://www.ciga-nos.pt/Pages/Agenda.aspx?mid=1&ItemID=277
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