quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Beneficiários de Rendimento Social aumentam em Leiria

Quase sete mil pessoas beneficiam no distrito de Leiria do Rendimento Social de Inserção (RSI), número que no último ano e meio aumentou em cerca de mil beneficiários, apesar de nesse período se verificarem várias oscilações.Os dados disponibilizados pelo Ministério da Segurança Social, que são um indicador das carências e situações de pobreza nas famílias portuguesas, revelam que Leiria nem é dos distritos com maior número de beneficiários, mantendo, em Junho último, a 14 posição registada no último ano, numa análise que inclui as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.Os números referentes a Leiria poderão parecer uma 'gota no oceano' se comparados com o Porto, que lidera com mais de 109 mil beneficiários do RSI, mas as situações de carência, nomeadamente na cidade do Lis, aumentam de ano para ano, como constata o presidente da Cáritas Diocesana de Leiria. "Efectivamente, de há uns anos a esta parte, sentimos que à nossa porta há um maior número de pessoas com necessidade de ajuda", sublinha Ambrósio Santos."Encontramos situações de urgência, as quais procuramos ajudar, apesar de não resolvermos, por completo, os problemas das pessoas. O RSI tem de ser visto na mesma perspectiva, como uma medida de solidariedade, de alívio em relação às situações de miséria, mas não é por isso que se deixa de estar em situação de pobreza. São valores muito limitados. O RSI é gasto no aluguer de um quarto, por exemplo, mas depois há os problemas da alimentação", realça o presidente daquela instituição de solidariedade. "Hoje, por motivos de desemprego, da desestruturação familiar ou do endividamento, surgem situações de pobreza em famílias ditas de 'normais', que vivem no limite", acrescenta o mesmo responsável, salientando que a pobreza "afecta muitos idosos", os quais "incorporam o número de pessoas com maiores fragilidades, e que apesar da sua pensão e de beneficiarem do RSI conseguem sobreviver com muitas dificuldades"."O fenómeno da urbanização exige mais, expõe as pessoas regularmente a maior número de despesas", adianta. Ambrósio Santos sublinha que "a freguesia de Marrazes é a mais problemática do concelho de Leiria. Tem um número bastante distante de outras freguesias do concelho no que toca, por exemplo, ao programa comunitário de Ajuda Alimentar a carenciados", através do qual são distribuídos, no concelho leiriense e anualmente, entre 70 a 80 toneladas de alimentos ao abrigo daquele programa, gerido pela União Europeia em parceria com a Segurança Social, no qual a Caritas é intermediária.

Há famílias a passar fome
O presidente da Cáritas Diocesana de Leiria entende que "o RSI é uma medida muito positiva", e realça que, "não podendo ser tudo, vem atenuar e resolver situações de miséria extrema", frisando mesmo que "não custa adivinhar que há situações" de pessoas e famílias a passar fome no concelho leiriense. É para muitas daquelas situações que se dirige a acção da Cáritas, dando apoio às "de maior urgência", e em colaboração com outras organizações solidárias de Leiria.Aquela instituição dá também apoio "no liquidamento de algumas despesas, como renda, água e luz". Cada caso é analisado isoladamente, mas a acção da Caritas é direccionada para as "situações mais graves e de maior urgência". No âmbito dessa ajuda "não assumimos um compromisso regular com ninguém, mas há situações que apoiamos mais vezes do que outras", conclui Ambrósio Santos.

Quase 2.500 famílias beneficiárias
Depois de Santarém, Leiria foi o distrito em que o número de beneficiários (individuais e agregados familiares) do Rendimento Social de Inserção (RSI) menos aumentou. Em Junho último Leiria apresentava 6.726 pessoas e 2.428 famílias abrangidas pelo RSI (mais 13 do que no final de Junho de 2007), mais 47 indivíduos e 13 famílias do que em Junho do último ano. Contudo, e apesar de várias oscilações entre Janeiro de 2007 e o final do primeiro semestre do corrente ano, regista-se um aumento continuado de beneficiários desde Fevereiro último, o que se traduz numa subida de 347 pessoas, e o mesmo acontece com o número de famílias beneficiadas, que em Junho último registava no distrito 2.428 beneficiárias, número só ultrapassável nos meses de Abril, Julho e Agosto do ano passado. Os dados, sujeitos a actualizações, aponta a Segurança Social, revelam que Lisboa foi o distrito onde mais aumentou o número de pessoas e famílias abrangidas pelo RSI no primeiro semestre de 2008, mas o Porto continua a ser o distrito com mais beneficiários.Por outro lado, Santarém foi o único distrito em que o número de famílias a receber o RSI desceu, apesar do número de pessoas abrangidas ter aumentado. Bragança continua a ser a região com menos beneficiários.O número global de beneficiários do RSI ultrapassou a barreira das 300 mil pessoas no final do primeiro semestre deste ano. Os dados da Segurança Social apontam para 334.865 pessoas e 120.943 famílias a receber aquele complemento.

Fonte: Diário de Leiria

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